João Carlos Celestino Gomes (1899–1960)
João Carlos Celestino Gomes nasceu em Ílhavo, Portugal, em 1899, e desde cedo mostrou interesse pelas artes e pela ciência. Formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra em 1927, destacando-se não só como médico, mas também como escritor, pintor e ilustrador. Ao longo de sua carreira, Celestino Gomes construiu um legado abrangente nas áreas médica, artística e literária, integrando a segunda geração de artistas modernistas de Portugal. Usava o pseudónimo “João Carlos” nas suas obras artísticas, enquanto assinava como “Celestino Gomes” os seus trabalhos médicos e literários.
Como médico, exerceu funções de médico municipal no Montijo e de médico escolar na Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, sendo reconhecido pelo seu compromisso com a saúde pública e o bem-estar da comunidade. A sua dedicação à medicina foi acompanhada por uma intensa atividade artística. Participou em diversas exposições, incluindo a “I Exposição dos Independentes”, em 1930, e em salões da Sociedade Nacional de Belas Artes. Além disso, realizou múltiplas exposições individuais e ilustrou dezenas de livros, muitos dos quais de sua autoria.
Fernando de Pamplona descreveu Celestino Gomes como “um grande artista de talento multiforme”, sublinhando a sua capacidade de transitar entre diferentes formas de expressão artística. Como artista era conhecido pela sua sensibilidade aguda e polivalente, e as suas ilustrações eram vistas como pequenas histórias, refletindo o seu espírito intelectual e a sua expressão plástica complexa e cristalina. Nunca deixou de ser pintor ao escrever, nem deixou de ser escritor ao pintar, o que faz da sua obra uma simbiose perfeita entre a palavra e a imagem.
No campo da literatura, Celestino Gomes deixou um importante acervo, que inclui obras como “A Esquecida” (1920), “Maria das Dores” (1923) e “Sidónia – Signo de Touro” (1939). A sua produção literária e artística reflete uma profunda sensibilidade pela condição humana e pelo contexto social da época, sendo marcada pela exploração dos dilemas emocionais e sociais dos seus personagens.
João Carlos Celestino Gomes faleceu em 1960, mas o seu legado permanece vivo através das suas contribuições para enriquecimento da cultura portuguesa.
A Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes, em Ílhavo, adotou o seu nome em homenagem à sua dedicação às artes, à educação e ao progresso social, perpetuando a memória de um homem cuja vida foi dedicada ao saber e à criação.